"Autopublicação" é a palavra da moda. Mais uma!
Nos anos 70 os escritores que hoje procuram a Autopublicação eram chamados Marginais, depois Independentes. Nos anos 1980 e 90 ganharam o rótulo de Alternativos. Não importa a bandeira ou o cajado, eles existem e se multiplicam no Brasil e no mundo, no que venho chamando de "A Revolta de Gutenberg".
Nos anos 70, do século passado, formavam grupos e se dividiam em pequenos movimentos. Hoje o individualismo é o perfil e a sentença. O marketing pessoal de estilos se sobrepõe ao assunto e à obra.
O fenômeno atinge não só os novos que buscam oportunidades e espaço, mas também aos profissionais liberais (advogados, médicos, professores e outros) que encontram na Autopublicação, excelente ferramenta para alavancar suas carreiras e ganhar dinheiro.
Existe um grande número de escritores que desistiu das editoras comerciais (os motivos são muitos...) e mais do que isso, descobriu que o caminho é outro.
Livros sob demanda e em pequenas tiragens, em muitos casos, proporcionam ao criador de obra intelectual, resultados positivos, e com mais rentabilidade, que o tradicional contrato de publicação com editoras.
A lentidão, a burocracia editorial, os métodos arcaicos de prestação de contas ajudam a sentenciar o modelo tradicional. O mercado está sendo dividido em nichos e o livro ganha espaço como ferramenta de apoio e suporte para todas as atividades profissionais.
A Internet (que parece que foi inventada para o livro) ganha credibilidade e força nos canais de comercialização, mídia e divulgação do produto livro.
O mercado de livros no Brasil e no mundo está agitadíssimo e com muitas novidades tecnológicas. Entretanto, vem sofrendo baixas e ainda não encontrou o equilíbrio para um crescimento sustentável. Está em queda livre e queima ilusões, encalhes e prejuízos. A autopublicação não é a salvação da lavoura e nem vai tirar o pai da guilhotina.
Lá na frente e em breve - acredito nisso - quando a grande mentira das supertiragens, vendas vultosas, resultados milagrosos acabarem, a saúde voltará ao mundo de Gutenberg. Sua revolta não é silenciosa e muito menos pontual.
Quando o Conde de Nassau violou o segredo da cópia libertando os tipos móveis, o fez no bojo do destino, libertando também letras, palavras e escritores.
João Scortecci
jrspscortecci@scortecci.com.br
fonte: http://www.amigosdolivro.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=6594
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