quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Lançamento da Obra Poética: “O Tudo do Nada:” (L. Custódio)

No sarau da ELAM.

Dia 04 – Domingo às 22h.

Acontece neste próximo domingo o lançamento do 1º livro de poemas de Leandro Custódio, uma obra produzida em 2009-2010.
O Livro foge dos padrões convencionais, não contém ISBN e sua tiragem é reduzida, uma construção marginal onde a capa e contra capa são duas “pinturas” do artista plástico Kaiala Goulart em papel coche brilhante.

Segue o prefácio do amigo Maximiliano que está no livro que sintetiza bem a obra do escritor.

PROÊMIO

São os primeiros versos de Leandro Custódio que vem à luz após um ano de saraus, exposições e boemia. Trazem consigo a vida e intempestividade do autor que se intitula pós-nada sobre a égide de seu manifesto. O livro é idealizado em três segmentos, circunscrevendo o caráter ideológico proposto por Custódio que é fruto de sua “andarilhagem” acadêmica e cisão com algumas correntes de pensamento consideradas por ele como dogmáticas. Ao longo de seus três anos na Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília ele teve contato com as obras de alguns autores das Humanidades que, direta ou indiretamente, estão arraigados no seu modo de ser e são os fulcros de sua poesia essencialmente imediata. Muito além das conjecturas e “bitolações” que se encontram comumente nos livros de poesia, este livro, expatriado de qualquer formalidade, é visceral. Apresenta os anseios de um jovem poeta que busca ao longo de seu percurso intelectual um devir artístico.

Maximiliano A. Cirelli
ANEXO: CAPA E CONTRA-CAPA + Livro Completo.

Att,

Leandro Custódio – Poeta
Contatos: (14) 8201-1065 – (16) 8137-8437
FACEBOOK e Orkut: Buscar Leandro Custódio.

ANEXOs:



segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Mais um dia sem Carlos...

.A FLOR E A NÁUSEA

Preso à minha classe e a algumas roupas,
Vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me'?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo

e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

A Rosa do Povo

Pra não esquecer dos Anjos.

Gemidos de arte


I




Esta desilusão que me acabrunha


É mais traidora do que o foi Pilatos!...


Por causa disto, eu vivo pelos matos,


Magro, roendo a substância córnea da unha.




Tenho estremecimentos indecisos


E sinto, haurindo o tépido ar sereno,


O mesmo assombro que sentiu Parfeno


Quando arrancou os olhos de Dionisos!




Em giro e em redemoinho em mim caminham


Ríspidas mágoas estranguladores,


Tais quais, nos fortes fulcros, as tesouras


Brônzeas, também giram e redemoinham.




Os pães — filhos legítimos dos trigos —


Nutrem a geração do ódio e da Guerra...


Os cachorros anônimos da terra


São talvez os meus únicos amigos!




Ah! Por que desgraçada contingência


A híspida aresta sáxea áspera e abrupta


Da rocha brava, numa ininterrupta


Adesão, não prendi minha existência?!




Por que Jeová, maior do que Laplace,


Não fez cair o túmulo de Plínio


Por sobre todo o meu raciocínio


Para que eu nunca mais raciocinasse?!




Pois minha Mãe tão cheia assim daqueles


Carinhos, com que guarda meus sapatos,


Por que me deu consciência dos meus atos


Para eu me arrepender de todos ele?!




Quisera, antes, mordendo glabros talos,


Nabucodonosor ser no Pau d'Arco,


Beber a acre e estagnada água do charco,


Dormir na manjedoura com os cavalos!




Mas a carne é que é humana! A alma é divina.


Dorme num leito de feridas, goza


O lodo, apalpa a úlcera cancerosa,


Beija a peçonha, e não se contamina!




Ser homem! escapar de ser aborto!


Sair de um ventre inchado que se anoja,


Comprar vestidos pretos numa loja


E andar de luto pelo pai que é morto!




E por trezentos e sessenta dias


Trabalhar e comer! Martírios juntos!


Alimentar-se dos irmãos defuntos,


Chupar os ossos das alisarias




Barulho de mandíbulas e abdomens!


E vem-me com um desprezo por tudo isto


Uma vontade absurda de ser Cristo


Para sacrificar-me pelos homens!




Soberano desejo! Soberana


Ambição de construir para o homem uma


Região, onde não cuspa língua alguma


O óleo rançoso da saliva humana!




Uma região sem nódoas e sem lixos,


Subtraída à hediondez de ínfimo casco,


Onde a forca feroz coma o carrasco


E o olho do estuprador se encha de bichos!




Outras constelações e outros espaços


Em que, no agudo grau da última crise,


O braço do ladrão se paralise


E a mão da meretriz caia aos pedaços!




II




O sol agora é de um fulgor compacto,


E eu vou andando, cheio de chamusco,


Com a flexibilidade de um molusco,


Úmido, pegajoso e untuoso ao tacto!




Reunam-se em rebelião ardente e acesa


Todas as minhas forças emotivas


E armem ciladas como cobras vivas


Para despedaçar minha tristeza!




O sol de cima espiando a flora moça


Arda, fustigue, queime, corte, morda!...


Deleito a vista na verdura gorda


Que nas hastes delgadas se balouça!




Avisto o vulto das sombrias granjas


Perdidas no alto... Nos terrenos baixos,


Das laranjeiras eu admiro os cachos


E a ampla circunferência das laranjas.




Ladra furiosa a tribo dos podengos.


Olhando para as pútridas charnecas


Grita o exército avulso das marrecas


Na úmida copa dos bambus verdoengos.




Um pássaro alvo artífice da teia


De um ninho, salta, no árdego trabalho,


De árvore em árvore e de galho em galho,


Com a rapidez duma semicolcheia.




Em grandes semicírculos aduncos,


Entrançados, pelo ar, largando pêlos,


Voam à semelhança de cabelos


Os chicotes finíssimos dos juncos.




Os ventos vagabundos batem, bolem


Nas árvores. O ar cheira. A terra cheira...


E a alma dos vegetais rebenta inteira


De todos os corpúsculos do pólen.




A câmara nupcial de cada ovário


Se abre. No chão coleia a lagartixa.


Por toda a parte a seiva bruta esguicha


Num extravasamento involuntário.




Eu, depois de morrer, depois de tanta


Tristeza, quero, em vez do nome — Augusto,


Possuir aí o nome dum arbusto


Qualquer ou de qualquer obscura planta!




III




Pelo acidentadíssimo caminho


Faísca o sol. Nédios, batendo a cauda,


Urram os bois. O céu lembra uma lauda


Do mais incorruptível pergaminho.




Uma atmosfera má de incômoda hulha


Abafa o ambiente. O aziago ar morto a morte


Fede. O ardente calor da areia forte


Racha-me os pés como se fosse agulha.




Não sei que subterrânea e atra voz rouca.


Por saibros e por cem côncavos vales,


Como pela avenida das Mappales,


Me arrasta à casa do finado Tôca!




Todas as tardes a esta casa venho.


Aqui, outrora, sem conchego nobre,


Viveu, sentiu e amou este homem pobre


Que carregava canas para o engenho!




Nos outros tempos e nas outras eras,


Quantas flores! Agora, em vez de flores,


Os musgos, como exóticos pintores,


Pintam caretas verdes nas taperas.




Na bruta dispersão de vítreos cacos,


À dura luz do sol resplandecente,


Trôpega e antiga, uma parede doente


Mostra a cara medonha dos buracos.




O cupim negro. broca o âmago fino


Do teto. E traça trombas de elefantes


Com as circunvoluções extravagantes


Do seu complicadíssimo intestino.




O lodo, obscuro trepa-se nas portas.


Amontoadas em grossos feixes rijos,


As lagartixas dos esconderijos


Estão olhando aquelas coisas mortas!




Fico a pensar no Espírito disperso


Que, unindo a pedra ao gneiss e a árvore à criança,


Como um anel enorme de aliança,


Une todas as coisas do Universo!




E assim pensando, com a cabeça em brasas


Ante a fatalidade que me oprime,


julgo ver este Espírito sublime,


Chamando-me do sol com as suas asas!




Gosto do sol ignívomo e iracundo


Como o reptil gosta quando se molha


E na atra escuridão dos ares, olha


Melancolicamente para o mundo!




Essa alegria imaterializada.


Que por vezes me absorve, é o óbolo obscuro,


É o pedaço já podre de pão duro


Que o miserável recebeu na estrada!




Não são os cinco mil milhões de francos


Que a Alemanha pediu a Jules Favre...


É o dinheiro coberto de azinhavre


Que o escravo ganha, trabalhando aos brancos!




Seja este sol meu último consolo;


E o espírito infeliz que em mim se encarna


Se alegre ao sol, como quem raspa a sarna,


Só, com a misericórdia de um tijolo! ...




Tudo enfim a mesma órbita percorre


E as bocas vão beber o mesmo leite...


A lamparina quando falta o azeite


Morre, da mesma forma que o homem morre.




Súbito, arrebentando a horrenda calma,


Grito, e se grito é para que meu grito


Seja a revelação deste Infinito


Que eu trago encarcerado na minh'alma!




Sol brasileiro! Queima-me os destroços!


Quero assistir, aqui, sem pai que me ame,


De pé, à luz da consciência infame,


À carbonização dos próprios ossos!


Eu e Outras Poesias 36a edição.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Esclarecer é preciso?

Bom em resposta a um fanático, que se esconde atras do anonimato e fez sim uma crítica contundente sobre o texto abaixo, mas que porém foi infeliz ao me chamar de fascista que me obrigou a recortar a critica para uma pasta pessoal.

Se o tal "anonimo" quiser se manifestar, que segure suas emoções e seus rótulos, pois o dialogo para mim é de suma importancia, mas não posso aceitar passivamente o adjetivo fascista que não apenas trai a proposta do Blog, mas que me insulta sem direito a resposta, falar de cinema meu caro, é um grande prazer, mas falar de fascismo somente tira o foco do debate.

Ah, sua resposta virá em breve, já que sim digeri não só o que você diz mas o que os organizadores da mostra me fizeram refletir, assim escrevo um novo texto em breve.

Quando alquem quiser se esconder...

(já que deixar anonimos comentarem apenas me obriga a ler inverdades sobre minha intimidade pessoal... do que sou , do que faço... Aqui é um espaço para discutir a ARTE e não falar de mim.)

... crie um BLOG FAKE.

L. C.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Ideologização e Cinema Ripícola marcam Mostra Universitária de Cinema.*


Mostra Universitária de Cinema da UNESP (MUCU) - Primavera de 2011.
De 03 a 04 de Outubro.
Link Programação: mostrauniversitariadecinemaffc.blogspot.com/
Melhor Filme Júri Popular: T grande (Karina Constâncio) – Marília 2011
Melhor Filme Comissão Julgadora: Getúlina meu amor (
Mais Premiado: Terceira Pessoal
Premiados: A pseudoconcretude da vida cotidiana; Baile de Mascarás;
Surpresas: Releitura (nenhuma premiação);
Troféu Ripícola: Apenas um olhar e Céu de Outono.



Se algo de eloqüente aconteceu neste último dia da mostra universitária de cinema foi ter assistido finalmente o tão ouvido curta “Terceira pessoa” do meu amigo Daniel Tiepo, com direção e atuação de Marcio Shimabukuro. Quanto ao “Céu de outono” com direção do meu bróder Rafael Botaro, fica a sensação de ter visto Goethe se suicidando, interessante que Daniel Tiepo esteve atuando em ambos os filmes! 

As premi (a) - ações:

Do Jure Popular esperava “Getúlina meu amor”, o mais aplaudido, mas não o mais gritado ficando por conta de “T grande” o vencedor um filme que na UNESP-Marília foi como luva já que trata sobre um tema muito recorrente aqui (além de ter sido estrelado pelas estudantes daqui). O Super-Curta relâmpago em 3 minutos e com um texto 100% poético deixaram para que o tema fosse descoberto apenas no discurso de premiação.  A idéia foi clichê poema e vídeo já saturam a bilheteria e para encerrar, o tema forçado de mais, falar de homo afetividade, caçamba, isso cheira “lebismo”, com todo respeito ao “lebismo” e a todos os “ismos”. Em suma uma ideologização.  

“Baile das mascara” abriu a noite competitiva de luxo com seu Stop Motion e com a melhor atriz desse crepúsculo.  Minha pontuação foi 3 e se tivesse 10 eu daria, foi como beijar a primeira vez, e segundo o enredo desenvolvido sobre um roteiro que literalmente foi um baile de mascaras. O segundo melhor filme da noite.

“Apenas um olhar” ganhou no critério comentário pós-filme, quando se ameaçou em passar pela segunda vez o público logo se manifestou e disse: nnãããooo...

“Getúlina meu amor” não era só um simples filme sobre reforma agrário, cenas de TV polêmicas mostram a ocupação e a desocupação de mais uma fazenda ocupada pelos sem terras, terrível foi os policiais todos bem armados com tudo que a policia tinha direito para ter o poder pleno e para reapropriar o que antes dos sem terras estava abandonado, me sensibilizei, porém não daria o melhor filme, basta à ideologização “homoafetivista” e agora um tema social extrema-mente tendencioso só faltou um sem-terra virar super-herói e matar todos os policiais, que real-mente, mereciam umas enxadadas. Fiquei esperando mais ação e mesmo discurso. Engraçado que a Prof. Miriam que recebeu o prêmio ficou surpresa porque o filme foi produzido em 1994 e afirmou que talvez nem na competitiva deveria participar, sugeriu entrar em outra sessão da mostra.

O Troféu Ripícola (Criado por mim) ficaria com a “A Pseudoconcretude da vida cotidiana”, que (não se sabe como) conseguiu sim conseguiu ser premiada com a melhor concepção sonora, isso porque uma das cenas ficava 3 a 4 minutos ouvindo o barulho do chuveiro mais o chiado da TV misturada com uma voz de uma beata falando da paz e deus num canal evangélico. Isso não é tão surpreso porque esse foi um filme ala - UNESP Marília, mas não é por isso o ripícola.

Ripícola é um sinônimo de marginal, e o cinema marginal deixou muito legado principalmente para os cines clubistas e (pseudo-) acadêmicos que tem o ideal de inaugurar uma nova corrente estética, mas lembrando que justamente o cinema marginal foi um contraponto ao cinema novo e ao CPC da UNE dos anos 60. Ripícola é o conceito de pré-projeto-marginal, aquilo que quer ser, mas não consegue ser, como dizia Augusto dos Anjos: “A transcendência que não se realiza/ Da luz que não chegou a ser lampejo”. E é sobre esse conceito que prêmio “Apenas um olhar” (e apenas um mesmo) com o troféu Ripícola.

Também Ripícola, foi não saber se lamentava ou ria quando a minha ansiedade de assistir “Céu de outono” se transformou em piada. Disse a mim mesmo e a mais um colega ao lado: céu de outono ganharia o único troféu (que era uma câmera arcaica) que vibra, pelo tanto que o Rafael Botaro tremeu a câmera na gravação do curta, parecia estar muito emocionado porque depois do “comportamento geral” (“cinensaio” produzido em 2008 com a minha ínfima contribuição) Rafael conseguia enfim terminar de editar seu filme que ficou de banho Maria por mais de um ano. Devo ressaltar que há pouca diferença estética real em ambos cinensaio.

Alguns efeitos de câmera (como o zoom no quadro já visto no primero cinensaio) principalmente a tremedeira que pode até se tornar uma marca de Botaro e seus futuros filmes (que ele use essa minha crítica como marketing - disponha Botaro). Os cortes do filme são ruins e a edição-montagem amadora de mais, pouco conteúdo num filme que se introduz com uma epígrafe de Goethe e tenta remeter a um dos seus maiores romances que trata sobre o suicídio, porém Botaro produziu mais um clichê mais um filme batido sobre suicídio que para finalizar sua obra filmou um túmulo no cemitério: - que coisa mais obvia e sem criatividade alguma. Fico com a sensação que tenha sido apenas uma brisa, devido a sua leitura do Os Sofrimentos do Jovem Werther (Goethe) e do seu êxtase em cinema e na produção dele.  Desculpe amigo, mas efêmero e ínfimo demais a idéia, melhor teria sido sincera-mente telo guardado e, por favor, não insista em tentar mexer, tem coisas na vida que são como merda quanto mais mexe mais fede.

Falando em coisas vai um poema de augusto dos anjos já referido aqui para consolo, para você, jovem diretor, e a Goethe que foi tão maltratado, e que poderia ser ele ali se suicidando. Hoje Goethe morreu pela segunda vez. 

O lamento das coisas.

Triste, a escutar, pancada por pancada,
A sucessividade dos segundos,
Ouço, em sons subterrâneos, do Orbe oriundo,
O choro da Energia abandonada!

É a dor da Força desaproveitada
— O cantochão dos dínamos profundos,
Que, podendo mover milhões de mundos,
jazem ainda na estática do Nada!

É o soluço da forma ainda imprecisa...
Da transcendência que se não realiza...
Da luz que não chegou a ser lampejo...

E é em suma, o subconsciente ai formidando
Da Natureza que parou, chorando,
No rudimentarismo do Desejo!

Augusto dos Anjos


Que Terceira pessoa?

Essa foi à pergunta que o público demorou a responder, porém quando responde é o estopim para diversos re-significados que “Terceira Pessoa” possibilita. O único filme a ganhar dois troféus em uma única categoria o de melhor autor, como é possível? Assistam “Terceira Pessoa”: http: //vimeo.com/4190934 Terceira pessoa é a platéia que vê e revê as mesmas ações com pequenos detalhes alterados de dois homens que fazem café e põem a berinjela no fogo, que fuma cigarro e só usa terno. 

Nós é igual a Eu + Você? Qual é o resultado de uma troca rotineira de papeis? A mistura heterogênea cria um terceiro personagem. Tiepo e Shimabukuro ganharam o troféu de melhor ator? A resposta é Não. Mas foi Tiepo+Shimabukuro um ser não-existente, o primeiro personagem premiado do cinema, não existe ator que possa representar este humano demasiado humano, e por isso e por outras razões que este troféu deve ser eternizado memoricamente pelo Instituto CAIS que realizou um excelente trabalhou nesta primeira “amostra”.

Minha sentença final é que a escolha do melhor filme foi errônea, “Terceira Pessoal” o melhor filme da noite, “Getúlina meu amor” filme engajado, mas de tema já batido e arcaico não poderia levar essa, Terceira Pessoa é de 2009 e Getúlina é de 1994, um contraste grotesco de épocas. Engraçado que foi unanimidade dos jurados: Andréa Tonacci, Célio Tolentino, Cristina Amaral e Rodrigo Grota. Essa mostra demonstra o quanto é relativa a opinião do jurados.

Estranho disso tudo é o filme “Releitura” não ter recebido nenhum prêmio, curta tão bem produzido com excelente maquiagem, direção de arte, fotografia e figurino, um bom elenco que assegurou a tensão do roteiro que misturava cenas de droga, estupro e canibalismo, uma sensação de aflição contagiava alguns espectadores; Além do lado engajado de introduzir o cinema dentro da favela da vila barros a mais antiga e maior de Marília. Somente o roteiro uma parodia de chapeuzinho vermelho que já não pega ninguém de surpresa.

Afinal cinema é arte e toda arte sempre guarda a sua vaidade e são nesses casos que as noites de premiações são tão gloriosas para uns e termômetro para outros, que diga o Oscar.

Anedota


Daniel Tiepo, ator do filme “Terceira Pessoa”, se estivesse na mostra veria seu filme ser o mais premiado da noite com Quatro Troféus, porém o mais interessante foi quando antes dos resultados ele aparece no curta “Céu de outono” mesmo com todo seu esforço cênico ficou muito difícil digerir o curta, um dos piores desta amostra que pude acompanhar. Bem, sorte de Tiepo que o curto não participou da competitiva e que o outono já passou...

“Alfaiates de Marília” ganhou o prêmio de honra ao mérito, por eternizar uma profissão histórica da cidade, e de apresentar para os recém marilienses e universitários que Marília tem muita coisa interessante para se conhecer para além dos muros dessa universidade (UNESP).  Só faltou enxugar o documentário que ficou maçante com depoimentos deveras longo e com uma montagem-edição que favorecia muitas vezes sair da sala e fumar um cigarro.

Em Suma


Devemos aplaudir de pé o trabalho do Instituto Cais que trouxe para nós a oportunidade de ver um pouco da produção mariliense de cinema, de trazer Andréa Tonacci para um bate-papo sobe o seu filme “Serra da Desordem” que na minha humilde opinião é um filme que fora da universidade é apenas mais um filme, mas sua critica a antropologia e suas referencias ao cinema marginal responde ao que muito se ouviu falar deste filme nos bastidores.

Salvem o Índio!   



* Leandro Custódio

Graduando do 4o ano de Pedagogia Unesp-Marília
Escritor e Poeta : leandrocustodiopoeta.blogspot.com                

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

"Sonhetos"

“Sonhetos”.




Hoje acordei discretamente atrasado

1 minuto ou 1 hora, o que importa?



Estava um céu descolorido

Nada tão bonito.

O dia poderia ser:

Lindo? Magnífico? Fabuloso?



Uma insônia urbana

Logo me desperta,

Era hora de trabalhar.

Pressa; Preciso acelerar!



Meios coletivos de transporte

Não tão agradáveis,

Não tão agressivos,



O cheiro tóxico

Não vem das ruas

São os poros se abrindo

Da minha pele suja.



- Como mais uma vez -

Esse é o sentimento,

Doente descontente

Nada de surpreendente



A tarde cai com o cansaço

E a noite se adentra,

Quando tomo o ônibus,

Para voltar,



E nada e nem ninguém,

Acusa-me, me faz proposta,

Titubeia, me olha.



Chego em casa

Abro a porta.

Às 22h.





Leandro Custódio







quinta-feira, 21 de julho de 2011

O Poeta e a Matemática


Poetas costumam sonhar.

Eu quase nunca sonho.

No livro dos horóscopos

Meu ascendente

Prefere a forma,

Ao conteúdo.



Os poetas, entre poucos amigos,

Preferem escrever 1 livro,

Ao invés de questionar.



Na utopia de minhas palavras,

Fiquei com a geometria,

Ao invés da matemática.

E na burocracia do meu olhar,

A inspiração é uma mentira.

E a poesia perdia +1 filho.



Voltando para casa,

(Pelo conforto).

(E não pelo consenso).

Não foram contados os passos.

Como é fácil voltar para casa...

Quando a ½ passo tenho a sensação:



De ter 1 olho na platéia

E outro no horizonte

- 1 papel colorido –



Pego-o com o dedos suas cabeças

E faço com elas um risco no infinito.

Nesse quadro colorido

Existem conflitos!

Que com a borracha

Não se pode apagar.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Sem título

Saudade?


Tenho de casa

Do cheiro da brasa

Dos perfumes químicos

Do palito, do oratório

E do fósforo.

Só não posso ter a saudade

Da fome

Frente a ela

Toda a vaidade

(E a geladeira)

É desmistificada.

domingo, 17 de julho de 2011

Café de/para meia: Mais do/ou mesmo?

Café de/para meia: Mais do/ou mesmo?


Porque não lançar livro? O Fato.

Não sou um artista! Não seria de outra maneira se não essa para começar este texto. No sábado à noite (tempo suficiente) cancelei minha participação (antes de confirmá-la) de mais um café para meia, por dois motivos: primeiro que não havia tempo suficiente para este preparar um lançamento de livro, este que depois de 1 ano, não poderia ser apresentado ao público pela pressa de alguns. Segundo que já foi me solicitado poemas para exposição no “não espaço literário” e me encontrei com uma caixa pendurada no teto cheio de papel contendo contos em letras do tamanho bíblicas de um ou dois autores, este papeis tinham a pretensão de serem num formato FANZINE, porém seja pela pressa ou pelo não conhecimento da técnica, fizeram algo que, no meu ver, mais degrada a arte literário do que algo que podíamos chamar de intervenção.

Bom, quem não está muito a fim de se socializar e não tem “ilustres” amigos ao seu redor o café para meia se torna um espaço lúdico-didático-pedagogico, pouco criativo e sem originalidade alguma, um role alternativo em um espaço underground, o mais do mesmo. Ou seria uma confraternização para “meia dúzia” de pessoas que para decorar suas apresentações teatrais herméticas e exagerada/mente Cult buscam criar um clima que aguce a sensibilidade dos mais leigos e façam sentir o agradável “desconforto” que o espaço propicia, fora o café e as delicias do bar, o que se busca ali é aprender com as oficinas e invenções “dês-criativas” ?

Não sou poeta de espetáculos, e não será no chão ou ao som da cansada voz feminina que toca naquele espaço (que é a mesma todos as terça) que vou recitar meus poemas e contar um pouco do meu trabalho de maneira espontânea e desconfortável, não sou artista de palco nem de chão - as moscas são diferentes, mas o cheiro do coco é o mesmo .

POESIA JÁ - foi sempre essa minha reivindicação, nada ali inspira e o que transpira são os olhos cansados de quem olha para não chorar, porque a salada de frutas que de tanto leite condensado apagou o gosto das frutas, e é essa sensação única e triste que tive no último café.

Das quatro participações levei o livro em todas elas na espera de encontrar uma oportunidade para apresentar ao público o que saiu de mim além da merda, um livro de poemas e um manifesto, que pelo conhecido modo alternativo de produção foi obrigado ficar em banho Maria por mais de um ano.

Acredito ainda na sua apresentação e será em breve, para aqueles que foram ao café na ultima terça esperando poesia, só lamento em dizer que não é lá que vão encontrar com a mãe das artes, e que o “Tudo do Nada:” - não se esqueçam dos dois pontos (:) – estará em breve disponível on-line, recitado, enquadrado e em livro para os interessados.







Para sepultar este texto um micro-poema:



MEIArte

Qual é o sabor da merda?

Eu nunca experimentei

Mas tenho q experimentar

ET q vai ao espaço

Ñ deve contrariar

Chupa-Cabra Lobisomem

É animal em extinção

Quanto + excêntrico

Tornou-se o homem

Menor foi sua sensação

D estar aqui na TERRA

Porque só no espaço suas idéias

São de ½ tigela de merda.



Leandro Custódio

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Alguma poesia

Minha vida é um trem


Sem as possibilidades,

Sem conselho e sem direção.

Minha bandeira,

Que hasteio no vagão,

Simboliza a falta de sentido

A negação da negação.



Se eu pudesse recuar

Andar sobre destinos

Dispensaria os trilhos

Que me impedem de parar.



Mas como tudo chega ao fim

O meu a de chegar,

- Um passado já escrito -

Tenho um só objetivo

E dele que vou me afastar.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Monólogo da Máscara


IV

Cansado de mim mesmo.
Foi para casa tirar fotografia.
Olhando para o espelho,
Vendo quem eu era
Tirava fotos como um principiante qualquer.

Ao voltar para rua, com a mesma cara
De quando já estava aqui, senti falta de mim.
Sim, de quem eu era,
De alguém que sempre fui.

Essa saudade adolescente,
Essa amargura de eu para mim,
Essa falta de não usar máscara
Piedade de ser sempre assim:

Um pobre homem
Carregando na mala
Máscaras, Máscaras
Máscaras, Máscaras
Máscaras. Máscaras
(...) Máscaras.

O tudo do nada:





terrorismo poético:
          movimento corredor sentinela

Toponímia: Maloca ou Moji?


Cubas, bandeirante, cá estava encontrando...
Mogi das Cruzes há 450 anos...
Do indígena Boigy acabou virando
Mogi, e os tupi-guaranis, mojianos.

Cruzes ao redor da Vila vigiando.
- Assim foi sua arte nobre de vigiar -
Para o estrangeiro não desbravar,
O que Cubas já estava desbravando.

Mas na hora do paulistano Gaspar,
- Que dizem legitimo fundador -
Pensar que São Paulo iria visitar,

Decidiu cada índio expulsar
Sem ao menos calcular toda dor,
Do índio, que nessa terra foi Criador!


O tudo do nada:




terrorismo poético:
          movimento corredor sentinela